sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Dança no escuro

os  dentes na pele
a água
o sangue latente

nado com os crocodilos
mas é o único lago que conheço

o brilho dos ossos no escuro
me avisa
beleza e força
dançam juntos

amanhã talvez eu volte para sempre
hoje estou cansado
de partir

beleza e força dançam juntos
hoje é música
e os ossos brilham no escuro
languidamente
e acendem os novos olhos da noite
outra vez

dança para mim só mais uma vez, meu bem
dança no escuro
ao brilho dos ossos
acende a música
e teus olhos

só mais uma vez

(Celso Mendes)


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Brisa

que não me espreite o vento como às feras
pois minha morte é caminho solitário
e desta vida nada mais sei
que o esconderijo
onde bem guardo
todos os meus olhos

que não me espreite o vento
apenas
leve

bem leve


(Celso Mendes)

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Palavra e vento

o que tenho não me pertence
e é disso que me alimento

palavra e vento
silêncio e fumaça
música e fúria

(Celso Mendes)