quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Pó do Silêncio


nos cantos
onde a poeira conta histórias
busco explicações

encontro
o silêncio
vertido do grito
do riso
do rito
do choro
da chuva

palavras
perdidas
de olhares
ávidos
escorrem  brechas

das frestas
frases mudas
e desejos
contidos
preenchem
espaços
de vazios

(Celso Mendes)

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Espuma



como ser espuma
se antes
areia

e água

como ser mar
se o gosto
é sol

se o rosto
apenas reflexo

eternamente efêmero?

(Celso Mendes)

sábado, 20 de julho de 2013

Breve Reflexão Sobre Movimento e Caminhada


Somos breves. Temos de sê-lo. Só temos esta alternativa. Nesta brevidade em que pouco tenho escrito, procurando entre antigos poemas ainda não publicados, depara-mo com alguns, cuja temática, sem que eu perceba, me é recorrente. Separei apenas dois para postar hoje, para reavivar este blogue neste tempo tão pouco e pequeno em que me insiro.


Caminhada

não, não é o acaso.
é a espera delirante que me espreita
com  seus fios de aço a amarrar lembranças;
compasso de amassar cadências sobre toalhas
infestadas de calêndulas.

ser de apenas ir, ser estrada, não ser volta.

também não deve ser o ocaso;
deve ser este mantra que me atormenta
a desenhar seu templo de rugas nesta pele marcada
pela brisa de um tempo
que me consome os rubros.

 (Celso Mendes)



Breve Reflexão Sobre Movimento

partilho contigo uma flecha.
apontamos um alvo
salvo de partidas; uma chegada.

tentamos abrandar  o tempo com fogo
ou gelo, mas machuca.  sempre.
os olhos, os olhos que ficam,
arranham-nos.

e o alvo não existe;  só a busca.
e impressões  impregnadas por companhia
: somos apenas trajeto.
[então, que o sejamos juntos]

(Celso Mendes)

terça-feira, 26 de março de 2013

Mariah

semente
de leite

o dente
ri
criança

e morde
colorido
minhas
pupilas
acinzentadas

(Celso Mendes)


Pequena balada para qualquer criança

enquanto há vento e algum alento
invento um verso, um voo inverso
atento e a tempo
enfim e assim
de ver pousar
teu riso
em mim

(Celso Mendes)